Monday, April 23, 2007

Eu não tenho escrito mais porque não tenho tido inspiração, sabe? Parece que a gente tenta a vida inteira agradar os outros e chega num ponto que nem sabe mais como se agrada à si mesmo. Daí de repente nos isolamos dos outros, do mundo, da família, do cachorro. E tem sempre um filho da puta pra ficar pedindo o que aconteceu. Mas você não responde que está procurando a si mesmo porque você nem sequer responde. Você procura consolo do lado de fora. E algumas vezes encontra. E eu encontrei. E às vezes dói desfazer laços, mas eu sempre fui de descartar, então dói mais pros outros e você se sente culpada por algo que está além do seu controle.
Eu só espero não ter que ouvir mais nada, porque eu estou cansada demais pra responder qualquer coisa que seja óbvia demais pra ser explicada.
Não falo nada sobre esse post, tchau.

http://taaaila.blogspot.com

Sunday, April 08, 2007

tom pastel

Sabe, eu queria inventar um mundo onde eu e você pudessemos viver. Ele seria todo em tons de pastel pra que não pudessemos sentir. Eu conseguiria dormir a noite e você não me faria falta. Você me trataria apaticamente, como sempre, mas eu não encararia isso como algo ruim.
Eu nunca mais lhe diria nada bonito e a gente talvez conseguisse conversar sobre coisas banais uma tarde inteira. Sem você me criticar o tempo todo, sem eu pedir que você morra e sem você dizer que eu sempre entendo as coisas erradas. Eu nunca mais teria que ouvir que não sou garota pra você. Porque eu sei disso e não é ouvindo da sua boca que eu irei aceitar melhor.
Talvez eu não escrevesse se não fosse páscoa, a casa estivesse vazia, os cadernos cheios de matérias que eu não irei estudar, a cabeça com planos que nunca saem do papel e o coração sempre doído. Tem dias em que eu sinto tanta saudade, mas tanta saudade que eu nem sei de onde vem. Ela fica ofuscada, você me entende? É, eu sei que não, mas adoro perguntar só pra ouvir sua voz. Você está sentindo? É sempre assim quando cai o orvalho, mas você sempre vai embora antes. Seria estranho se eu não ficasse aqui sozinha. Talvez no meu mundo tons de pastel nós iremos embora no mesmo metrô. E não vai chover quando eu dizer adeus, porque a gente sempre volta pra onde tudo começou.

Wednesday, April 04, 2007

O nunca sempre acaba

Primeiro a gente grita, pula e acha que mandamos em todos. Daí a gente briga com os amigos da escola antiga e é aí que as coisas começam a piorar. É um tombo atrás do outro, mal nos recuperamos e já caímos novamente. Nem dá tempo de assimilar a dor. A gente deixa nossos pais quase loucos e achamos sempre que temos razão e que nunca iremos mudar. A gente corre deles tão rápido que se esquece de planejar o caminho. A gente não tem um caminho.
Depois a gente se desespera porque vê que não sobrou nada. Que os castigos acabaram, mas não temos ninguém com quem sair. E daí vem a dor. E a gente esconde ela bem lá no fundo, pra que ninguém tenha pena de nós. A gente nunca quis ser fraco e sozinho. E dói mais por saber que era a única coisa boa a ser feito. E então nós mudamos. Porque toda grande revolução precisa de uma grande crise para ocorrer. Daí a gente fica feliz e nem vê mais que já foi outra coisa. Imploramos por um pouco de atenção e carinho. E nos revoltamos porque achamos que podemos mudar o mundo. E quando a gente descobre que não dá a gente chora. E dói mais ainda.
Só então percebemos que deixamos de estudar para sair e que agora deixamos de sair para estudar. Nunca conseguimos conciliar as duas coisas e vivemos frustrados porque precisamos de respostas e mal sabemos qual é a pergunta. Corremos contra o tempo, contra o vento, contra todos que dizem que não é necessário, que não é possível, que não é para nós. Porque apesar de tudo a gente ainda tem um pouco daquilo que nos move, um pouco daquela esperança, não mais de mudar o mundo, mas a nós mesmos. E é aí que descobrimos que não precisamos provar a mais ninguém que somos bons, desde que consigamos provar a nós mesmos.