Thursday, May 31, 2007

NEW BLOG MOTHAFUCKA!

É com ares de novidade que informo aos meus leitores assíduos (hahahahha, pera to rindo, hahahaha) que o Palavras Vomitadas não funcionará mais nesse endereço, então:
http://taayovergore.blogspot.com
contudo, deixarei os textos que já estão aqui no mesmo lugar :]

http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
http://taayovergore.blogspot.com
(7 vezes para dar sorte!)

Saturday, May 26, 2007

Língua dos que não falam pela boca dos normais

Eu não agüento mais. Não agüento mais ter que carregar toda essa culpa por melhorar. Não agüento mais acordar todo o dia de manhã e ver a semana passar sem querer ver ninguém. É difícil não ter de quem sentir falta. Meus amigos moram longe e talvez eu nunca os conheça. É estranho, mas possível. Não suporto mais escrever aqui! Não suporto mais os sábados entediantes, ridículos, deprimentes e horripilantes que passo nessa cidade horrível. Com esses abutres me cercando! Eu só quero meu dinheiro, vão embora POR FAVOR!
Faz mais de um mês que eu não digo algo que as pessoas entendam. Talvez eu tenha criado a minha própria língua, bom, então posso falar mal dos outros em voz alta e isso é bom. Só não quero que cochichem de mim quando eu estou perto. Acho tão perigoso pra vocês, sério.
Preciso aprender a escrever na minha língua de novo.

Wednesday, May 23, 2007

abutrecídio

podre podre podre
é todo mundo assim, a diferença é que eu olho pra minha maldita cara de manhã cedo e sei BEM o que sou. eu sou um lixo, um lixo bonitinho, mas lixo. eles pensam que sua podridão está muy bem escondida, mas EU enxergo. eu sempre tive o dom de saber quando as pessoas mentem, é sério. não me minta pela internet pq eu vou saber. é fato. e é fato também que eu minto mais de cem vezes por dia. todo mundo é assim e eu não me sinto nem um pouco culpada.
ultimamente tem quem queira dar lição de moral. se jogam bêbados e drogados em qualquer canto, tranzam com todos os zé ninguéns com quem esbarram e acham que são "felizes". eu vou ter uma vida e vou ter muito dinheiro e não preciso me casar para isso. enquanto todo mundo tá se sujando no esgoto eu to lavando a cara, porque um dia, ah! um dia a gente olha pra trás e vê cadáveres e olha pra frente e vê desgraça e olha pro lado e vê os que te levam até lá. daí a gente (eu) percebe no que se transformou, verme inescrúpulo, e enxota todos os abutres nojentos que estão ao seu redor. mas sempre há os cegos, aqueles que nunca vão ver o que realmente são, é desses que eu estou fugindo.

Saturday, May 12, 2007

Não tenho aparecido por aqui e talvez seja por medo. É, tenho medo de escreve porque é a única forma de por pra fora e comigo na maioria das vezes é melhor deixar tudo como está, sem pensar, se eu penso eu sempre desisto. Eu mudo de caminho e passo a não arriscar tanto. Não gosto assim, eu quero é parar de ter pena das pessoas que eu machuco com o que eu falo, se você tem pena o correto seria calar, mas eu não consigo ser assim. Sabe, é difícil quando a bonitinha explode. Suja tudo e todos porque a podridão é bem grande, mas isso todo mundo já sabe.
E sabe, ela não agüenta mais acordar de manhã sentindo dor, nem todos conseguem encarar a degeneração do próprio corpo, ainda mais se for sem café e coca zero, mas ela consegue. Ela aprendeu a ser forte por fora que é pra ninguém pisar em cima. E outra coisa, ela adora pisar em cima. Em grupo é melhor ainda. Ela esmigalha, depois fica com pena e no outro dia pisa mais, é seu hobby.
A menina decidiu que vai ser alguém. E ela sempre consegue. Sempre. Ela quer causar inveja, mas talvez ela já cause e nem saiba. Queria escrever um texto na mesma pessoa o tempo todo, mas é mais fácil botar pra fora em terceira pessoa.
Agora ela vai embora, que há mais uma presa para a noite.

Monday, April 23, 2007

Eu não tenho escrito mais porque não tenho tido inspiração, sabe? Parece que a gente tenta a vida inteira agradar os outros e chega num ponto que nem sabe mais como se agrada à si mesmo. Daí de repente nos isolamos dos outros, do mundo, da família, do cachorro. E tem sempre um filho da puta pra ficar pedindo o que aconteceu. Mas você não responde que está procurando a si mesmo porque você nem sequer responde. Você procura consolo do lado de fora. E algumas vezes encontra. E eu encontrei. E às vezes dói desfazer laços, mas eu sempre fui de descartar, então dói mais pros outros e você se sente culpada por algo que está além do seu controle.
Eu só espero não ter que ouvir mais nada, porque eu estou cansada demais pra responder qualquer coisa que seja óbvia demais pra ser explicada.
Não falo nada sobre esse post, tchau.

http://taaaila.blogspot.com

Sunday, April 08, 2007

tom pastel

Sabe, eu queria inventar um mundo onde eu e você pudessemos viver. Ele seria todo em tons de pastel pra que não pudessemos sentir. Eu conseguiria dormir a noite e você não me faria falta. Você me trataria apaticamente, como sempre, mas eu não encararia isso como algo ruim.
Eu nunca mais lhe diria nada bonito e a gente talvez conseguisse conversar sobre coisas banais uma tarde inteira. Sem você me criticar o tempo todo, sem eu pedir que você morra e sem você dizer que eu sempre entendo as coisas erradas. Eu nunca mais teria que ouvir que não sou garota pra você. Porque eu sei disso e não é ouvindo da sua boca que eu irei aceitar melhor.
Talvez eu não escrevesse se não fosse páscoa, a casa estivesse vazia, os cadernos cheios de matérias que eu não irei estudar, a cabeça com planos que nunca saem do papel e o coração sempre doído. Tem dias em que eu sinto tanta saudade, mas tanta saudade que eu nem sei de onde vem. Ela fica ofuscada, você me entende? É, eu sei que não, mas adoro perguntar só pra ouvir sua voz. Você está sentindo? É sempre assim quando cai o orvalho, mas você sempre vai embora antes. Seria estranho se eu não ficasse aqui sozinha. Talvez no meu mundo tons de pastel nós iremos embora no mesmo metrô. E não vai chover quando eu dizer adeus, porque a gente sempre volta pra onde tudo começou.

Wednesday, April 04, 2007

O nunca sempre acaba

Primeiro a gente grita, pula e acha que mandamos em todos. Daí a gente briga com os amigos da escola antiga e é aí que as coisas começam a piorar. É um tombo atrás do outro, mal nos recuperamos e já caímos novamente. Nem dá tempo de assimilar a dor. A gente deixa nossos pais quase loucos e achamos sempre que temos razão e que nunca iremos mudar. A gente corre deles tão rápido que se esquece de planejar o caminho. A gente não tem um caminho.
Depois a gente se desespera porque vê que não sobrou nada. Que os castigos acabaram, mas não temos ninguém com quem sair. E daí vem a dor. E a gente esconde ela bem lá no fundo, pra que ninguém tenha pena de nós. A gente nunca quis ser fraco e sozinho. E dói mais por saber que era a única coisa boa a ser feito. E então nós mudamos. Porque toda grande revolução precisa de uma grande crise para ocorrer. Daí a gente fica feliz e nem vê mais que já foi outra coisa. Imploramos por um pouco de atenção e carinho. E nos revoltamos porque achamos que podemos mudar o mundo. E quando a gente descobre que não dá a gente chora. E dói mais ainda.
Só então percebemos que deixamos de estudar para sair e que agora deixamos de sair para estudar. Nunca conseguimos conciliar as duas coisas e vivemos frustrados porque precisamos de respostas e mal sabemos qual é a pergunta. Corremos contra o tempo, contra o vento, contra todos que dizem que não é necessário, que não é possível, que não é para nós. Porque apesar de tudo a gente ainda tem um pouco daquilo que nos move, um pouco daquela esperança, não mais de mudar o mundo, mas a nós mesmos. E é aí que descobrimos que não precisamos provar a mais ninguém que somos bons, desde que consigamos provar a nós mesmos.

Saturday, March 24, 2007

destruir tudo o que você tocar

Começa mais uma vez o ritual sagrado. Ela senta com a garrafinha de água cheia, pouco tempo pra não fazer nada e no media player é sempre a mesma música que toca.

Às vezes ela levanta mais cedo do que o já cedo horário rotineiro, porque ela acha que é bom mudar um pouco. Às vezes ela só precisa de um pequeno empurrão, mas é costume já que ela receba um tranque. E é sempre a mesma música que toca quando ela, eufórica, grita. E sempre é quente quando ela fica feia e demente.

Confusão é pouco pra quem tem apenas dezessete anos. Ela tem a mania de escrever a idade em seus textos e por isso morre de medo de chegar aos trinta. Todos irão saber, é inevitável. E ela se mata estudando pra no outro dia afogar tudo o que existe em tortinhas de chocolate e pinga. Nunca é tarde pra parar.

Ela só acha idiotice chamar o trabalho das prostitutas de indigno. Indigno é acordar todos os dias antes do galo pra no final do mês ganhar trezentos reias e passar fome. Digno é passar fome pra ser magra e ganhar muito dinheiro transando com homens casados que só bebem whisky importado e freqüentam o Iate Club. Na cidade dela não tem Iate Club, mas pouco importa. Ela acha digno trabalhar e no final do mês fazer compras na Gucci e na D&C. Mesmo que esteja em promoção.

Quando a música termina ela publica.

Saturday, March 17, 2007

Eu sempre vou ser a menina gorda e sardenta apaixonada pelo garoto popular da escola. Por mais que eu emagreça, que a base disfarce o pior e que eu pise em cima de qualquer indício de testosterona por perto, eu sei que eles ainda me olham assim.
É sábado de noite e eu sempre perco os melhores shows da minha vida. Essa cidade diminui à medida que enche folhas do meu diário. Eu queria um caderno novo, com páginas em branco, pra escrever uma história bonita e emocionante, igual aquela que eu imagino sempre antes de dormir. Mas faz tempo que não neva por aqui e cada dia há menos coisas para se contar, e há cada semana são mais folhas em branco.

Hoje é só um sábado meio chuvoso, meio frio, meio perfeito. Eu deveria sair correndo daqui e tentar um ingresso VIP em algum barzinho novo. Mas eu sempre esqueço que aqui é Lajeado, e que não há novidades em Lajeado, e que não há ingressos vip em Lajeado. Aqui as pessoas se vestem com a mesma roupa e tem o mesmo corte de cabelo desde que eu nasci. Chove desde que eu nasci. Você nunca mais falou comigo depois que eu nasci.

Meu amigo gay espera por um telefonema que eu não posso dar. Chove. Não há ninguém em casa além de mim. Não há ninguém em casa. A gente precisa de meia caixa de comprimidos pra depois acordar e ver que loucura é a realidade. Loucura é acordar todo o dia numa cidade decadente e idolatrá-la. Loucura é trabalhar por menos de dois mil reais por mês. É aturar você falando sempre que eu sou melhor, me ignorando, me chamando de volta. Eu sempre volto, aliás, eu adoro quando você me manda ir embora, porque eu sei que você sempre me pede pra voltar. E é sempre em março que faz um mês que eu ti beijei e você não lembra. Lá fora chove.

Thursday, March 15, 2007

menina de ouro

Ela andava rápido, suando, à passos sofridos. Quase corria. Até que passou por um grupo de pessoas que lhe perguntaram o porquê da pressa. Ela lhes respondeu e eles disseram que era bobagem, que não daria certo. Então ela parou para descansar e eles correram na sua frente.
Fim.

Tuesday, March 13, 2007

Jefree Star

A maioria das meninas da minha idade quando saem num sábado à noite voltam pra casa com no máximo um namorado -ou namorada que seja- eu volto com um cachorro a tira-colo, melhor, uma cadela. Quando eu cheguei ao carro minha mãe me olhou com aquela cara que insinua que eu estou cada dia mais louca, mas eu não desisti, e não entrei até que ela "permitisse" que a cadela fosse junto.
Cheguei em casa quatro e meia da madrugada. Tive que deixar a Jefree, é esse o nome da cadela, no pátio dos fundos e levar a Crystal, minha outra cadela, pra dormir no meu quarto. Ok! Não consegui pegar no sono até quase seis horas da manhã, porque fiquei com medo que a Jefree fizesse barulho e meu pai acordasse.
No domingo, acordei antes das oito, pra dar banho na minha nova hóspede, já que eu havia prometido que na segunda-feira eu arranjaria um lugar pra ela ficar. Lavei com Elséve, porque o anti-pulgas da Crystal tinha acabado. Meu pai acordou, pediu o que era aquilo e só disse que segunda-feira ela iria embora. Ok.
Chegou segunda-feira. Cheguei em casa. Chorei de meio-dia no pátio dos fundos, escondida e abraçada na cadela. Minha mãe chegou e pediu onde eu iria deixá-la. Respondi que decidia isso quando voltasse da academia. A cabeça já doendo. O coração doído.
Voltei da academia e minha mãe só voltou pra casa de noite. Eu não havia achado absolutamente nenhum lugar pra deixar a minha segunda princesa (a primeira é e sempre vai ser a Crystal). Meu pai chegou em casa e brigou comigo porque eu descumpri o tratado. Mas deixou-a ficar mais uma noite.
Hoje minha mãe teve que me buscar no colégio porque eu tava passando mal da cabeça e do estômago. Fui pra casa e dormi até duas e quinze, quando o telefone tocou e minha mãe falou que o nosso grameiro iria ficar com a Jefree. Tudo bem, respondi. Fui pros fundos de casa e dei pão na boca dela, e ela pulava e me lambia e eu olhava pra ela e a achava tão doce e bonitinha. Aquele pêlo preto e branco, o corpo magro da fome, a semelhança com cocker spaniel.
A campainha tocou. Eu abri a janela e o grameiro gritou com aquele jeito alemão: "A main tisse que tem um cachoro pra mim peca aqui" Falei que ia buscar ela. Fui pros fundos, peguei-a no colo, ela chorou, a mostrei pro homem e ela latiu pra ele. Falei que era pra ele cuidar bem dela, dar bastante comida porque ela tava magrinha e que o seu nome era Jefree. Ele respondeu que ia alimentar ela bem e não conseguiu pronunciar o nome, então sugeri que a chamasse somente de Dje. Disse tchau, dei as costas pra ele rápido e saí correndo pra ele não ver que eu tava chorando. E que ainda to. E que eu queria que a Jefree ficasse comigo, porque eu amei ela desde o momento em que ela atravessou a rua e se deitou do meu lado. E porque eu ao menos sei pronunciar o nome dela. A minha cabeça voltou a doer e eu acho que pode até passar, mas o coração doído eu não sei.

Saturday, March 03, 2007

penhasco da esquina

por que maldita razão eu continuo a atender o telefone se já sei que vai doer?
menina que corre atrás de tudo que tem medo. para para para.
pés cansados já não agüentam o algodão. é fácil dizer que é difícil quando não se tenta, pior que isso é tentar e não conseguir.
frases clichês que ela já não suporta. cansou de escrever, olhar pra trás e ver sempre a mesma coisa.
nada muda? ela muda? fica muda que é pra não ti machucar. fala que odeia porque gosta de ver o olho dela chorando.
o instinto sadomasoquista sempre prevalece.

Wednesday, February 21, 2007

Monday, February 19, 2007

God save the world (réplica)

Eu pedi e ele me deu.
Muito obrigado mundo,
que tal um milhão de dólares agora?

Sábado

quando o peito aperta e não é o sutiãn,
quando o estômago dói e não é fome,
quando você quebra a cabeça e não é física.
às vezes quando eu piso em poças de lama, no meio da chuva,
eu vou lembrar de ti.
atacada que sou, caminhante.
pisando na areia pra agüentar todo o peso,
just it?!
a gente tinha um mundo de coisas,
escolhas diferentes,
destinos iguais.
joga a toalha na areia,
a maré cresce e nossos pés cansam.
dança por toda madrugada.
adeus é muito vago
pra quem o futuro é incerto.

Domingo

Desgraçado seja esse mundo que sempre faz com que chova nas despedidas.
Mais ruim que isso é não poder dizer adeus.
Goodnight boy.
Me lembra sempre que eu não sou menina pra você.
Putamundoinjustomeu.

Saturday, February 17, 2007

Carnajunkie

Eu ia escrever um post totalmente deprê, porque eu ia ir pra praia sozinha e todo esse lenga-lenga de quem adora fazer da sua vida um drama para ter um texto razoavelmente bom, maaaaas... FODA-SE! Porque a Cary acabou de me ligar e novamente ela vai junto comigo! Sim, sim, sim! Não sei como o pai dela deixou ela sair comigo pelo terceiro final de semana seguido, mas isso não importa, o que interessa realmente é que não preciso mais perder tento planejando um bom papo para fazer amigos no carnaval e ter com quem sair, porque agora eu tenho a Cary e com ela é TUDO mto mais fácil. Eba eba eba!

Eu odeio carnaval, mas esse final de semana me reserva algo estranho. Sabe aquela coisa de tudo o que você pensa acontecer totalmente ao contrário? Bem-vindo à minha vida.

Goodnight girl

Ela esquece de ser a menininha boa quando pisam no seu calo. Grita nos ouvidos pra que a escutem melhor. Hei! Alguém capaz de ultrapassar a parede da sua mente? Alguém capaz de tirar-lhe o sono? Ela acha que não, ela sempre pensa que é impossível acontecer novamente, que é irremediável seu destino. A filhinha de papai tem bondade no peito e arrogância na voz, é inevitável depois de tantos empurrões, chutes, facadas e traições continuar com toda essa meiguice no rosto. Ela está velha e todos sabem, todos dizem, ela já não se importa. As feições serenas deram lugar a uma alma triste, que voa de casa em casa à procura de um lar que seja seu.
Ele pensa que ela tem tudo. Não enxerga a tristeza dos seus passos, a solidão do seu olhar. Sua vida é sempre a pior, a dela é boa, a dela é uma aventura. Mas ele não entende que ela já cansou de não ter pra onde fugir. Ele diz não ter amigos, os dela estão por aí, eles mudam, em questões de semanas, dias, horas. Ela sabe se adaptar, ele não sai de casa nem pra ir à padaria. Todas as chances são maiores pra ela, diz o garoto. Ela chora. Já cansou disso tudo. Já cansou do olhar das pessoas, da facilidade do "eu te amo", da inconstância da amizade. Sua passagem é tão cara quanto à dele, então porque pra ela seria mais fácil?
Ela corre para o mar, sozinha, e finge não ter medo e não se importar, mas fica claro em cada tragada que dói. A menina vai dormir, porque talvez amanhã ela acorde e debaixo do seu travesseiro, uma passagem pro paraíso.

Friday, February 16, 2007

sal desgosto

Eu queria escrever difícil. Queria escrever de um jeito que as pessoas precisassem de um dicionário para entender. Queria entrelinhas escondidas debaixo de cada frase. Queria antíteses, zeugmas, hipérboles, eufemismos, mas é tudo tão cru, tudo tão sem sal. Onde eu compro tempero pra língua?

O preço

-Ei! Vira de lado
-O quê foi?
-Onde você comprou essa bolsa?
-Na praia.
-Qual praia?
-Camboriú. Balneário Camboriú.
-Quanto você pagou?
-Vix. Paguei dez pila!
-O quê? Quer me vender ela? Por vinte pila?
-Nã..
-Trinta!
-Cinqüenta?
-Vai tomar no cu!


Porque eu não me vendo barato.

Thursday, February 15, 2007

Eu não sei mais escrever. Just it. Desaprendi. Um belo dia eu acordei e as palavras não saiam. Acho que elas ficaram nos sonhos. Não posso mais fazer isso.

Wednesday, February 14, 2007

Não chore nos meus ouvidos o que eu nunca vivi

Os dias ruins são sempre aqueles em que acordo bem antes do que deveria. Choro de dor. Choro de raiva. Nada desce, nem as palavras. Sabe, às vezes eu acho que a minha seguida dor de garganta deve ser causada por uma pessoa que não me desce. Talvez seja paranóia. Eu sou quase expert em arranjar mais problemas para questões por si só problemáticas, devo ter herdado isso da família do meu pai.
Ontem à noite eu vi um vídeo. A menina foi chutada pelo namorado e se humilhou. Eu fiquei com pena da menina. Ela tinha apenas quatorze anos. Ela ainda não sabe que pra ser amada por outros é necessário ser amada por si mesma. Mas ela pisou em cima da própria cara, e eu senti raiva. Menina idiota essa, pensei. Mas talvez seus pais nunca tivessem a amado, por isso era tão duro ficar sozinha. Talvez sua mãe só gostasse de sua irmã menor, e por isso nunca tivesse ensinado que ela também tinha valor. E ela tem, só precisa descobrir, tristemente, solitária. Vai doer mais do que doeu pra mim, mas a dor sempre passa. Precisamos da dor pra sabermos o que é ficar são.
Eu acho que o que me falta algumas vezes é algo que me prenda. Talvez eu esteja tão solta que corra em círculos. Até quando? Quarta-feira a entrada do cinema é mais barata, mas ninguém nunca quer ir comigo. É tão idiota assim querer comer pipoca e assistir algum filme? Queria ter quatorze anos de novo, mas eu nunca pisei na minha própria cara! No máximo soquei.

Tuesday, February 13, 2007

Por menos dor

Não dormi bem. Sonhei com o Daniel Peixoto, não que o sonho tenha sido ruim, mas ando meio traumatizada. Acordei sentindo uma pata de tiranossauro rex encravada na minha garganta, de TANTO que ela dói. Não sou mimada, mas a minha garganta quando ataca, vem com tudo. Bem, me levantei, fiz um esforço enorme pra conseguir tomar uma garrafinha de água e fui com minha mãe comprar meus materiais escolares. Coisa triste, tenho poucos dias de férias ainda. Fiquei apavorada com o preço dessas porcarias de caderno! Com meia-dúzia de itens dá pra se gastar praticamente oitenta reias! Com oitenta reais meu cabelo já estaria louro-claríssimo-acinzentado-e-hidratado à muito tempo!
Depois disso fui até a farmácia comprar Tylenol pra que eu conseguisse engolir qualquer coisa no almoço. Tomei um comprimido e consegui almoçar um cachorro-quente, que deveria ter outro nome, pois no meu não vai salsicha, nem catchup, nem mostarda, nem maionese, nem todas essas coisas idiotas que todos comem.
Decidi então, que para tornar a tarde um pouco menos entediante, iria fazer um tratamento de choque no meu cabelo. Paguei três reais por um envelope e apliquei. Deixei agir, enxagüei e ficou bom. Fazendo isso no MÍNIMO uma vez por semana quem sabe em, ããn, três meses (???) eu possa descolorir meu cabelo. Depois disso passei a tarde toda morrendo de dor, morrendo de fome e vendo todos os vídeos do MONTAGE que estavam disponíveis no Youtube; porque a imbecil aqui pensava ter esquecido o Tylenol na casa da vó.
Foi quando minha mãe chegou em casa, e eu estava já azul de dor é que fui achar a merda do comprimido dentro da minha bolsa. Da MINHA bolsa! Eu morri de dor a tarde toda porque não tive a capacidade de conferir se havia mesmo deixado na minha vó.
Post idiota de quem ta esperando o remédio fazer efeito pra conseguir engolir uma torrada e um copo de suco de mamão com menos dor.

Depois das seis


É calor, é noite, há festas, e eu fico na frente do computador, procurando algum rosto amigável no bate-papo. Desde pequena há uma certa barreira em mim, uma barreira que me faz fugir de tudo que possa me magoar. Eu prefiro evitar sofrimentos ao meu coração, evitar cansar minha mente e procurar não estragar uma vidinha que está tão calma e tranqüila. Uma vidinha, literalmente. Então eu fico aqui, na certeza de que todos aproveitarão por mim, na certeza de que o amanhã virá, e já terá a resposta para a pergunta que me aflige. Eu quero que ninguém pense, que ninguém saiba, que ninguém sinta. Você será de alguém ou de ninguém, não meu, eu sei, mas eu ao menos saberei. Eu espero.
Volta e meia consulto o relógio e decifro o lugar onde todos estão. Saíram do bar, devem estar lanchando, já chegou a hora de beber todas. Eu sempre vou junto, mas hoje, eu sou um caso a parte. Eu prefiro assim, no meu canto, sem fiasco, sem choro, sem atrapalhar a (in) felicidade de ninguém. Eu dramatizo muito e talvez devesse fazer teatro. Sabe, é difícil esconder tão fundo quando quer explodir.
O cão late alto e eu penso que é um aviso. Há alguém em seus braços? Quem te cobre de abraços vem de longe. Eu sou aprendiz de mochileiros. Aprendo o que querem me ensinar, sou uma ótima escolha pros que gostam de contar tudo, de falar tudo, de mostrar tudo. Eu sei, eu gosto. Eu gosto dos meus amigos que não se importam com nada, acho que me sinto meio assim na companhia deles, talvez eu fique por uns quinze minutos sem prestar atenção nos que me acham estranho.
Olho para o relógio, já deve ser fim da noite, mas lembro que você pode ter ido pra casa de alguém que não te ama, entrado no quarto de quem te despreza, dormido na cama de quem ti blasfema e jurado amor a quem te apunhala. Não dá mais pra sair de casa, o sol já quase nasce. Melhor parar de escrever, deitar, dormir e esperar o amanhã. Para então saber. O que acontece com todos vocês que estão tão pálidos?

Monday, February 12, 2007

Arrasa (comigo) bee

Era sexta-feira já sábado. Era apenas mais uma noite, em mais uma praia que de dia está vazia, tocava só mais uma canção que não gosto.

-Que música você curte pra ficar?
-Hunn (??)... Sei lá, várias.
-Quer ficar comigo?
-Quero.

Era sábado quase domingo. Chovia tudo que eu não queria. Era frio e eu não tinha casaco. Era a mesma coisa de todos os finais de semana. Eu não tomava cerveja e só tinha mais um cigarro.

-Aí, eu acho que vou embora. Aqui ta muito chato.
-Pois é. Também to achando. Acho que vou ti levar até em casa e depois volto. Posso?
-Claro. Vamos. Você tem um cigarro?
-Tenho. É o último, mas pra você eu dou (até mais quê um cigarro).
-Aii. Lucky Strike? Adoro!
-Meu favorito. Mas tem que ser o vermelho.
-É. O outro quase não tem gosto.
-Também acho.

...

-Bom, é aqui.
-Hun. Casa bonita a sua.
-Gostou? Obrigado. Bom, vou entrar.
-Ei.
-Fale.
-Me dá um beijo?
-Não não. Vamos ficar só na amizade.
-Heh (o quê????). Então tá (bixa maldita). A gente se fala.
-Sim sim. Me add no MSN quando puder.
-Adiciono sim, à não ser que eu esqueça seu sobrenome (como se fosse possível, maldito).

...

Era quase domingo. Eram poças de lama que entravam pelo pano do meu all star. Era chuviscos que caíam pelo meu rosto. É triste sair da festa e voltar logo em seguida. Se ao menos você me oferecesse uma xicará de café.

Thursday, February 08, 2007

To indo arrumar a mala.

Adeus você.

Não me importam essas porcarias de chantagens e blábláblá. Eu sempre pude ir onde queria até agora? Legal, então eu quero continuar assim e ir pra Cruzeiro sábado. Se eu não ir com vocês eu vou ficar em casa o final de semana inteiro? Fodam-se, porque vocês não sabem, mas é fácil pular a janela da casa da vó, principalmente com o ár-condicionado ligado. Se eu não voltasse sempre pra casa fedendo a cerveja eu poderia ficar? Nossa mãe, que belo exemplo você me dá nas festas familiares, de tão podre a doida dança de olhos fechados. Não interessa a sua cara feia, porque pai, escuta aqui e escuta bem: "EU NÃO VOU PRA ESSA PORRA DE PRAIA." Eu vou ficar aqui nesse lixo de cidade, trancanda com meus avôs o final de semana todo, chorando, esperniando, gritando, sem comer, sem computador e morrendo de calor e tédio. Mas eu não vou pra praia com vocês. Ah, não vou mesmo.
Sabe pai, eu to extremamente cansada disso tudo. De ter que viver a vida de vocês. Eu sou a única garota de (quase) dezessete anos que não pode passar uns poucos dias longe da famílinha. Francamente, que coisa ridícula Sr. Joel, deveria se envergonhar. Aqueles seus clientes grânfinos também fazem isso com os filhotes dele? Se fazem manda um vai se fude bem grande pra eles.
Boa viagem pra vocês, divirtam-se, que eu vou ficar aqui, sempre sozinha, sempre contrariada, a ovelinha negra. Aquela em que não se pode confiar. Aquele que não merece. Pode dizer isso na minha cara, porque eu já me acostumei a ouvir isso de trás da porta. Eu já me acostumei a não poder mostrar meus motivos. Só não me pergunta o por quê de tudo isso, porque você sempre soube, só não quer enxergar. Ave Hitler!
Se você não gosta de ouvir reclamação, desabafo ou o diabo à quatro de uma imbecil-de-dezessete-anos-mandada-pelo-pai-ditador-e-que-não-tem-livre-arbítrio foda-se também, porque esse blog é meu e eu escrevo o que quiser.

Pic Nic

Tudo que eu escrevo ultimamente me soa tão sentimental, tão ultrapassado e principalmente: tão clichê. Não consigo definir muito bem o que escrevo do que sou, nunca fui boa nisso, mas eu me esforço.
Mas, como hoje tenho um assunto que não soa clichê, vou dele falar. Ontem, antes das treze horas e meia da tarde (???) eu já estava parada -bolsa com tudo que eu preciso, óculos de sol- na frente da casa da Nuna. Como sempre, eu chego adiantada ou atrasada nos locais, nunca consigo chegar exatamente no horário. Umas vezes é a ansiedade, outras a preguiça e ainda outras meu pai que decide me levar o horário que pode. Bem, Nuna foi continuar lavando a louça inacabada e eu fiquei olhando um DVD do Placebo (muito bom, por acaso). Papo vai, papo vem, os meninos chegaram. Primeiro o Rodrigo e depois o Vinicius (que havia vendido seu cabelo por quarenta reias).
Fomos os quatro no mercadinho comprar o necessário para uma tarde no Jardim Botânico: salgadinho, bolachinhas, refrigerante e cigarro. Caminhamos mais um horror até chegarmos no Jardim Botânico e ainda mais até encontrarmos a cascatinha onde queríamos ficar. Colocamos o pano de piquinique xadrez da Nuna no chão e nos sentamos. Levantamos e fomos nos molhar na água. Tava meio embarrada, devido à chuvarada desses dias.
Conversamos muito, a tarde inteira, acendemos incenso, detonamos com tudo que compramos no mercadinho do cara que queria me lograr vinte e cinco centavos. É verdade, eu pedi um Malboro maço exatamente pra não pagar dois reais e cinquenta e ele quis me cobrar esse mesmo preço, mas bem capaz que eu não ia reclamar: "Ô tio! Ta faltando vinte e cinco centavos". E com esses "niquels" mais tarde comprei balas 7 belo, mas poderia também ter jogado uma partida de sinuca no bar dos quinze. Viu como vale a pena reclamar seus direitos?
Bom, fomos embora uma seis horas, e eu e a Nuna decidimos "encurtar" o caminho por um lugar que descobrimos ao fazer xixi (tsc). No caminho encontrei a parte de cima do crânio de um animal, que segundo me falaram era um cachorro, mas eu nunca vi um cachorro com dois dentes tão enormes, então suponho que seja algo tipo um chupacabra. Continuamos andando, e eis que surge do nada um menino pescando (vale ressaltar que em no máximo dez centímetros de água, o que ele esperava pescar? Girinos?), nos tocamos então do porquê daquele arame farpado que separava-nos de lá: era uma propriedade particular, e não uma continuação do Jardim). Pedimos informação e ele nos deixou passar pelo terreno dele, para não termos que voltar tudo. Fomos caminhando e nos deparamos com vacas, touros, galinhas e uma cabrita! Pulei a cerca para não ter que passar pelas vacas e pisei na catinga que as galinhas fizeram. Então eu vi um cachorro, marrom, enorme e solto! Pedimos pro garoto nos acompanhar, pois assim o cachorro não avançaria em nós, e ele foi, muito gentil. Mas depois disso havia ainda algumas "propriedades" para passarmos até chegar ao asfalto que nos levaria de volta pra casa (da Nuna, porque pra minha, havia muito mais pé pela frente). Caminhando, tranqüilamente, mas de repente, eis que um cachorro, do nada, começa a latir e eu, não sabendo se preso ele estava tentei correr pro lado e me enfiei no meio de um paredão verde que eu não sei o nome, quase do lado da plantação de mandioca. Hahaha.
Depois disso, de estranho só as pessoas olhando pra ossada de animal que eu levava na mão. Dormi rezando pra não acordar com nenhum rosnado de cachorro reinvindicando sua mândíbula perdida. Ou, em uma hipótese pior, com o chupacabra.

Wednesday, February 07, 2007

trip

O quê? Piquenique
Onde? Jardim Botânico
Que horas? 13 horas e 30 minutos
Saída da onde? Da casa da Nuna
O quê levar? 5 reais pra comprar coisinhas, roupas de banho, protetor solar e o que mais quiser

Tuesday, February 06, 2007

Monday, February 05, 2007

Acertei na sexta, mas o sábado...

Voltei da praia (mais uma vez) e dessa... não tenho tanto para reclamar. Olha, eu até poderia encher esse post de rabugices de quem tem (quase) dezessete anos e tem sérios problemas com areia e gente sarada e bronzeada, mas sexta à noite me impede disso. Calma que eu explico. Estávamos eu, uma garota e mais dois garotos jogando sinuca em um bar tosco. Até aí tudo bem. Mas de repente começa a tocar um som no fundo. Calma! Eu conheço esse som, pensei! E acertei! Tocava LOS HERMANOS!!! E o pior: não foi apenas UMA música, foi o cd INTEIRO! Eu não pude acreditar que em meio á garotas de saias minúsculas, tererê no cabelo e barrigas de fora poderia tocar algo tão, tão, meu!
No outro dia nos dirigímos novamente para lá, e eu, me sentindo já uma cliente assídua, me dirigi até o caixa e educadamente pedi que colocassem novamente o CD que fez a noite anterior menos catastrófica, mas, como a sorte não bate duas vezes na mesma porta, o dono do CD não o havia trazido. Foi uma péssima noite (e esse é um péssimo post).

Thursday, February 01, 2007

Só é feliz quem não se diz





a menina brinca com a lua na cara.
quando a lua é cheia a menina pula.
quando crescente ela dança.
quando é nova ela escreve
e quando é minguante ela chora, porque há sempre dor no coração de quem é feliz




Wednesday, January 31, 2007

Valiun pra mim

Três retratos de uma mesma face

A primeira:
Mamãe é a melhor do mundo. Eu acordo duas horas da tarde passadas, depois de ficar a noite inteira futricando no computador e olhando filmes idiotas na televisão e ela me pergunta se quero almoçar, respondo que sim. Ela vai com toda a calma da melhor mãe do planeta, retira a polenta do dia passado de dentro do forno e faz elas sem gordura pra mim não engordar, prepara um rápido suco de mamão com laranja e me diz pra comer com calma que se não faz mal. Os meus amigos fazem janta na minha casa e ela não os deixa lavar a louça. Eu peço se posso sair e ela já está com a chave do carro pra me levar pra qualquer lugar, eu e meus amigos também. Esses dias eu queimei minha saia com cigarro, minha mãe não quer que eu fume, mas mesmo assim ela levou a saia na costureira pra costurar uma etiqueta em cima e o papai não ver. Mamãe é a melhor.
A segunda:
Mamãe é uma mala. Ela grita comigo se eu pego a cachorra no colo porque não quer me ver com a roupa cheia de pêlos. Ela odeia como eu me visto e faz de tudo pra tentar me modelar. Ela diz que esses barzinhos não são lugar pra mim. Quando ela descobriu que eu andava de skate ela me deixou de castigo. Quando eu comprei uma guitarra ela disse que eu estava ficando louca, que isso era coisa de garoto, e que não iria deixar eu tocar. Mamãe acha que pra eu conseguir um emprego eu tenho que tirar esses piercings da cara e virar gente, como ela mesmo diz. Mamãe não quer que eu saia de casa porque ela pensa que eu sou dela. Queria ter outra mãe.
A terceira:
Mamãe mal existe para mim. Eu acordo depois de uma noite daquelas e ela nunca está em casa. Eu ligo pro celular dela e ela não atende. Ela diz pra mim sair um pouco de dentro de casa porque ela não aguenta mais eu de um lado pro outro. Ela nunca vai nas reuniões do colégio e não sabe nem o nome das minhas professoras. Quando eu estou triste e chorando ela nunca percebe. Ela me joga aos quatro ventos. Um dia ela me disse que preferia não ter filhos, porque até agora eles só haviam lhe dado problemas. Mamãe finge que eu não existo.

Tuesday, January 30, 2007

Espalhafatosa

Ela chega e grita para os mecânicos ouvirem:
Que linda casa, meu deus do céu.
Caminha à passos largos
Se espalha numa cadeira e berra.
Ela fala de educação,
gritando
Ela diz que é preciso de respeito,
senão eu lhe dou duas bochas na cara,
e pronto.
Ela é de família,
mas só no sobrenome.
Ninguém lhe disse que jacaré
no céu não entra.
A mulher é desonrada pelos muçulmanos,
e eles gritam pelas redondezas:
Lá vem a espalhafatosa! Alah!

Férias em pequenas doses para diminuir o tédio.

Ontem a noite, nada para se fazer, totalmente entediada, ninguém no MSN, nenhum scrap no orkut, nenhum comentário no myspace, nada de o sono chegar. Então pensei: por que recebemos dois meses de férias direto? É! Por que estudamos dez meses direto e recebemos dois meses de férias direto? Todos sabem que as coisas em exagero enjoam. Então eu proponho um novo esquema! Pelo menor tédio nas férias e maior rendimento dos alunos. Teremos uma semana de férias por mês! Simples não?
Bom, deixa eu desenvolver. Tudo começaria em Janeiro. Teríamos a 1ª semana livre. Na 2ª semana seria PROIBIDO por lei federal haver qualquer tipo de prova! É claro que pra não termos que passar a nossa semana de folga estudando! Na 3ª e 4ª semanas ficaria tudo normal, provas, trabalhos, qualquer coisa. E assim por todos os meses! Não seria perfeito? Uma semana por mês para jogar sinuca até tarde, varar a madrugada olhando filme, dormir a manhã toda, beber e ainda por cima, fora tudo isso, voltaríamos renovados para encarar mais três semanas de aula!

Como é que alguém nunca pensou nisso antes? O problema dessas férias enormes é que ficamos com saudade da escola, mas depois de três semanas queremos férias, então, por quê não tornar isso real?
Proponho um abaixo-assinado. Pelos direitos dos estudantes de estudarem com dedicação e poderem descansar sem se entregar ao tédio!


aluna dedicada estudando em suas três
semanas mensais de aula

Monday, January 29, 2007

1

eu desenho em preto e branco que é pra combinar mais fácil
eu desenho um chafariz para os passaros se refrescarem
eu pinto toda uma tela que é pra você me elogiar
eu rabisco o seu nome quando o banheiro está embaçado
e ao redor há sempre um coração

todas as cigarras do mundo voam sobre minha cabeça
na piscina os filhos mais novos brincam depois de jantar
no fogão tem água quente fervendo
e das bolhas saem figuras coloridas
e das figuras uma história pra eu ti contar

o esmalte descascado mostra que ela já não se importa
se é cedo ou tarde depende do ponto de vista
nada é tão ruim como parece
nem tão bom quanto quando vimos na primeira vez
as folhas mortas no quintal sempre dão mais trabalho à faxineira

Diários velhos. Parte I

Reler diários antigos, eis um dos meus passatempos para disfarçar o tédio preferido. Comecei esses dias a ler o de 2003. Nossa, eu tinha 13 anos, e é incrível como eu era tão.. tão.. idiota? burra? nova demais? não sei. Eu simplesmente não me vejo mais me apaixonando por uns seis garotos em menos de meio ano. Aliás, garotos? Just boys? Não me vejo querendo bater em todas as garotas que cruzassem meu caminho. 2003, o ano em que eu estava no auge da minha bulimia! E se não me engano o último ano em que fui magra, afinal, lá consta que eu não tinha peito, e eu nunca fui uma gorda despeitada (ao menos isso!). Foi o ano em que eu mais recortei modelos secalhas em revistas e colei por tudo no meu quarto para ver se me motivava. (Hoje em dia eu escrevo ESTUDAR pelo meu quarto, certas coisas não mudam, só se transformam.) Também foi o ano em que eu ficava três, quatro dias sem comer e depois me acabava em bolo de chocolate. Gód!
Foi também o último ano em que fiz dança e vôlei. Também foi quando minha mãe tentou me proibir de andar de skate. (Hoje ela dá graças a Deus quando eu digo que vou pra pista). Eu estava na sétima série? Nossa, já fazem quatro anos. Sabe, pra quem tem apenas dezessete isso pode parecer bastante. Eu estudava no colégio aonde construi minha desavida. Eu ficava de castigo porque não queria comer! Uma coisa não muda e nunca vai mudar: o fato da minha família ser muito contraditória! Meu pai NUNCA ia olhar um jogo de vôlei meu, e agora diz que eu não devia ter parado de jogar! Minha mãe não quis me pôr em nenhum curso de modelo e agora reclama o tempo todo da minha falta de postura. Poxa vida! Não é de se estranhar que eu seja assim destrambelhada, meio coelho cego fugindo de ninguém sabe o quê, correndo pra ninguém sabe onde, procurando algo que ninguém conhece.
No ano de 2003 eu chorei no aniversário surpresa de uma amiga que acabára de perder a mãe. Isso me deixou chocacada! Não me lembrava mais de como eu era mesquinha e fútil, pensando que tudo iria acabar se o menino 1342 que eu gostava ficasse com a minha amiga peitudona. Também não sei como demorei tanto para saber que um garoto de 14 anos tava pouco se lixando pras magrelas, sardentas e sem nenhum conteúdo (exterior, se me entendes).
Fico aqui, na esperança de que em 2011 eu amadureça o suficiente para achar ridículo o que escrevo em 2007.

Sunday, January 28, 2007

God save the world

Maldito seja esse mundo desgraçado da porra que eu insisto em amar. Malditas sejam todas as noites que eu passo sem dormir pensando em algo que os outros gostem de ler, me dói não saber. Desgraçado é aquele que insiste em ver as coisas pelo lado bom, eu tento, não consigo, fodeu. Infelizmente nunca é literalmente. Mas para que existem os parques? Caminho, caminho, caminho. Minha morada é muito longe de qualquer lugar. Menos da universidade e da casa do meu primo. Ex-casa, porque fazem uns pares de anos que ele só vai lá umas duas vezes ao ano. É sempre bom ver as pessoas que moram longe, é bom ter alguém que não enjoa, uma pessoa que não é inoportuna. Odeio aquele tipo efusivo, não quero nenhum babaca idiota pra me consolar, eu NÃO preciso! Tá legal assim? Eu posso desenhar, rabisco sua cara e sua casa e não sou mais aquela pessoa legal que você achou que fosse. Foi a cara de menininha? Ou a minha camiseta do Bikini Kill? Você conhece algo mais chato do que o ser humano? Me apresente, ou melhor, não apresente não. Me poupe dessa sua descoberta!
Me diga algo que me faça pensar a noite toda. MUNDO, por favor, tem alguém aí? Me dê algo de bom! Pode ser até uma daquelas paixões que se têm aos dez anos, aquelas que ti fazem passar semanas sem pensar em outra coisa. Mas me tire dessa rotina maldita que me deixa quase sem os cabelos. Eu não posso viver sempre no mesmo chove e não molha. Blábláblá.
Calei a boca e me fui!

Apaguem as luzes!

Não existe essa coisa de não poder, se eu quero eu faço e não ligo pros comentários do dia seguinte, ou ao menos finjo não ligar. Dance dance dance. Esse algo a mais que sempre faz as noites acabarem em dia, que mata os pássaros e ninguém entende. Eu escrevo pra mim mesma, eu escrevo pra dentro, uma escritora de língua presa. É impossível não pensar que as coisas poderiam ter sido melhores. E a cabeça dói, o estômago ronca, e o coração eu já nem sei. Mas eu preciso estudar, eu preciso ser uma bixa, eu sei que posso recuperar todo o ensino médio jogado fora. Eu preciso emagrecer, faz tantos anos que eu não vejo meus ossos da barriga e eles eram tão bonitos, eu já quis ser modelo, mas quando eu podia, não agora, agora que eu virei essa adolescente cabeça de tico frustrada com todas as coisas que faz ou deixa de fazer. E eu preciso, eu preciso, não sei. As luzes são ligadas quando as pessoas tomam coragem demais.

Tuesday, January 23, 2007

Cu é sem acento

Eu encontro as respostas pra tudo o que não vejo entrando dentro. Dentro da casca, do escuro, da sujeira, da desordem. Rascunhos de uma vida que não existe são jogados ao redor de uma cama que não é quente. Eu vomitava as imperfeições e me sentia mais feliz, dois dedos na goela e uma esperança no estômago renascia. A eterna corda bamba que lhe faz cair no fundo do poço. Fazia tempo demais que eu não sentia essa coisa ruim no corpo, essa cara amassada e essa dor na alma. Ontem ela veio mansa, mas hoje desabrochou com toda a sua força. Não há escudo que nos impeça da decepção. Mas lutamos todo dia esperando que o amanhã melhore. Vejo alguma luz no olhar daquela pessoa que acorda todo o dia pronto para ser chutado de novo, e de novo, e de novo. E assim até que o fim chegue, porque a espera é sem sentido quando 0 destino é algo do qual não podemos nos esconder. Ganharemos todas as batalhas e mesmo assim perderemos a guerra. A derrota é algo inevitável em nossa vida pseudo-divertida-culta-louca-cheia-de-porres-e-amores-que-acabam-depois-da-primeira-chupada. Eu levanto quando abro os olhos, não importa se seja cinco da manhã ou três da tarde, um banho gelado e sei que é tarde demais pra desistir.

Friday, January 19, 2007

A Real

Há sempre uma casa mal acabada quando eu chego aqui. Nesse ano há pessoas morando nela e as únicas boas tardes que me restavam já não me restam. E o vento refrescante que contrasta com as tardes insuportavelmente quentes não me importa mais. Os rostos familiares que aparecem em cada esquina dessa pequena quadra não me fazem sentir-me em casa. Em cada santo quebrado uma história maligna de demônios, padres e crianças traquinas para contar, às vezes uma igreja guarda lembranças de uma inocência que já não existe.
Eu sempre demoro pra me acostumar em beber nesses copos, deitar no sofá pequeno e cochilar em um colchão menos macio que o lá de casa; mesmo fazendo tanto tempo, eu nunca me acostumei com as crianças que chutam bola no gramado dos fundos, elas são sempre as mesmas e há sempre um cachorro preto e pequeno e engraçado que brinca junto de esconde-esconde, mas ele nunca fecha. Sabe aquela história de café com leite? Eu nunca fui. Na minha época havia um clube e todo o ano eu era a líder, escolhida por voto democrático e sem manipulação. O que eu lidero agora? Eu ainda tenho a capacidade de levar as pessoas numa mesma direção?
Cortaram aquela árvore inclinada onde havia um balanço e só três anos depois isso me faz falta. Falta de ouvir as pessoas gritando pra que eu não subisse tão alto. Faz tempo que eu não entro no mar até a água bater no pescoço. Não é medo. Eu juro. Os dinossauros são tão grandes, ferozes e reais quando se tem nove anos e agora toda a magia foi quebrada porque sabemos mais do que devíamos. É difícil para a Cinderela quando chega à meia-noite. Toc toc toc. Há alguém batendo forte demais na porta da esperança. Há alguém aí? Todos os tesouros jamais serão encontrados.
Faz cinco anos que eu venho pra cá e fico triste. Talvez as ruas tenham ficado pequenas demais. Não há nada que me tire do quarto. Não há parque, não há amigos, não há novidades. O vento sopra sempre no mesmo horário e sentido e não há nada diferente que possa acontecer. Já compramos o oceano e as dunas e talvez hoje eu sinta falta de ter medo de morrer, porque só isso nos dá vontade de viver. É triste não ter segundas intenções.