Tuesday, March 13, 2007

Jefree Star

A maioria das meninas da minha idade quando saem num sábado à noite voltam pra casa com no máximo um namorado -ou namorada que seja- eu volto com um cachorro a tira-colo, melhor, uma cadela. Quando eu cheguei ao carro minha mãe me olhou com aquela cara que insinua que eu estou cada dia mais louca, mas eu não desisti, e não entrei até que ela "permitisse" que a cadela fosse junto.
Cheguei em casa quatro e meia da madrugada. Tive que deixar a Jefree, é esse o nome da cadela, no pátio dos fundos e levar a Crystal, minha outra cadela, pra dormir no meu quarto. Ok! Não consegui pegar no sono até quase seis horas da manhã, porque fiquei com medo que a Jefree fizesse barulho e meu pai acordasse.
No domingo, acordei antes das oito, pra dar banho na minha nova hóspede, já que eu havia prometido que na segunda-feira eu arranjaria um lugar pra ela ficar. Lavei com Elséve, porque o anti-pulgas da Crystal tinha acabado. Meu pai acordou, pediu o que era aquilo e só disse que segunda-feira ela iria embora. Ok.
Chegou segunda-feira. Cheguei em casa. Chorei de meio-dia no pátio dos fundos, escondida e abraçada na cadela. Minha mãe chegou e pediu onde eu iria deixá-la. Respondi que decidia isso quando voltasse da academia. A cabeça já doendo. O coração doído.
Voltei da academia e minha mãe só voltou pra casa de noite. Eu não havia achado absolutamente nenhum lugar pra deixar a minha segunda princesa (a primeira é e sempre vai ser a Crystal). Meu pai chegou em casa e brigou comigo porque eu descumpri o tratado. Mas deixou-a ficar mais uma noite.
Hoje minha mãe teve que me buscar no colégio porque eu tava passando mal da cabeça e do estômago. Fui pra casa e dormi até duas e quinze, quando o telefone tocou e minha mãe falou que o nosso grameiro iria ficar com a Jefree. Tudo bem, respondi. Fui pros fundos de casa e dei pão na boca dela, e ela pulava e me lambia e eu olhava pra ela e a achava tão doce e bonitinha. Aquele pêlo preto e branco, o corpo magro da fome, a semelhança com cocker spaniel.
A campainha tocou. Eu abri a janela e o grameiro gritou com aquele jeito alemão: "A main tisse que tem um cachoro pra mim peca aqui" Falei que ia buscar ela. Fui pros fundos, peguei-a no colo, ela chorou, a mostrei pro homem e ela latiu pra ele. Falei que era pra ele cuidar bem dela, dar bastante comida porque ela tava magrinha e que o seu nome era Jefree. Ele respondeu que ia alimentar ela bem e não conseguiu pronunciar o nome, então sugeri que a chamasse somente de Dje. Disse tchau, dei as costas pra ele rápido e saí correndo pra ele não ver que eu tava chorando. E que ainda to. E que eu queria que a Jefree ficasse comigo, porque eu amei ela desde o momento em que ela atravessou a rua e se deitou do meu lado. E porque eu ao menos sei pronunciar o nome dela. A minha cabeça voltou a doer e eu acho que pode até passar, mas o coração doído eu não sei.

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