Sunday, December 31, 2006

Boa virada (6)

Bom, hoje, como virada de ano, resolvi fazer um post especial: resoluções de ano velho comentadas. Vamos lá:
1- Aprender a tocar guitarra:
Bom, sendo que o que vale é a intenção, eu fiz 7 meses de aula de guitarra com um professor que vivia me dando bolo e agora já sei fazer ré, sol, dó e lá! hahaha. tá, um pouco mais que isso. Mas pra quem pensava que ia passar o final do ano com banda é ainda muito pouco. Quem sabe agora que eu ganhei um violão e vou pra praia a coisa não melhore. Afinal, hoje é um dia pior que amanhã.
2- Cortar meu cabelo:
Bom, ao menos essa eu cumpri inteiramente, já que cortar meu cabelo foi a coisa que mais fiz esse ano, no salão, em casa, no chuveiro, de madrugada. Uma das descobertas que fiz esse ano é que cortar o próprio cabelo pode ser algo divertido, principalmente quando fica torto.
3- Fazer uma tattoo:
Por motivos de pouca idade essa resolução será reconsiderada em 11 de março de 2008.
4- Correr a rústica:
Não corri. Haha. Sabe, meus tempos de atletismo acho que ficaram pros meus doze anos mesmos. A idade aumenta e o pulmão vai ficando fraco, se é que vocês me entendem.
5- Comprar uma mala:
Bom, vale ressaltar que essas resoluções foram feitas à caminho da praia, então, como eu quase morri pra enfiar minhas coisas em várias malas, eu resolvi que precisava de uma maior. E agora está lá na minha cama, uma mala preta, de rodinhas, que couberam todas as minhas roupas, mais tênis, chinelo, apetrechos, cadernos, livros, agendas, estojos, tintas, pincéis. Só ficou o violão do lado de fora, porque daí é querer demais.
6- Emagrecer:
É claro que a clássica não poderia faltar, bom, esse ano eu emagreci 3,5kg, engordei 4kg, emagreci mais um pouco, engordei, emagreci, engordei, emagreci... Como só tá escirto emagrecer (e não manter-se magra) até pode ser considerada missão cumprida. Tá, mentira, isso não vale.
7- Ler mais:
Cumpridíssima! Sendo que perdi a conta de quantos livros li nesse ano. Foi de "Presença de Anita", passando por "Harry Potter", "O dia do curinga" e até biografias. Mazaaaah menina ;)
8- Passar de ano:
Yeah! Passei. Mais um ano no 2º grau e vou pra faculdade. É, o tempo passa.
9- Não tomar NENHUM porre (com letras maiúsculas mesmo):
Hun, preciso falar? O saldo desse ano foram: 21, sem contar as bebidinhas é claro. Ano que vem diminui.
10- Ser menos possessiva:
Se não consegui o ser por dentro, por fora eu melhorei bastante. Se a resolução foi cumprida ou não, eu já não sei.
11- Economizar:
Bom, tenho o meu cofre de moedas intacto com uns 50 reais. Já é alguma coisa, não?
Feliz 2007 pra todos.
Que não haja mais corrupção, que a maconha seja legalizada, o casamento gay permitido, a ceva sempre liberada e a paz reine, acima de tudo!
Até o ano que vem!

Thursday, December 28, 2006

Para conseguir escrever

E o mundo me ama e me odeia, pois lhe joga nos meus braços e depois como de supetão lhe arranca novamente para a terra, e me faz chorar, e me faz sofrer, e me dói tanto que eu penso que não é possível algo doer mais. E ela volta, e descobriu um novo jeito de te amar, e você gostou, e você a amou do jeito antigo, porque é o mais forte de todos. E eu sentei, e fiquei sozinha, como sempre estive, mas não percebia (poucas coisas eu percebia quando você me dava a mão).
E eu acordei hoje de manhã e um novo ar se espalhava, e eu sabia que hoje seria o dia em que voltaria a escrever. E eu fiquei triste, e eu fiquei feliz. E eu esqueci de comer porque precisava escrever que o mundo me odiava, mas ele não me odeia.
E há pães, e todos caem no chão. E a cadela chora por algo que eu desconheço e meu irmão não me deixa mexer no computador e tudo parece tão mais difícil do que era ontem. E não há mais calor. E não há mais vontade de abrir a porta-janela para o sol entrar. Deixe-o lá fora que é o seu lugar, e o meu é aqui, no escuro, na frente de uma tela esperando uma notícia que não chega porque não aconteceu.
Há espera em cada coração triste. Há desilusão em cada poça de sangue. Mas eu sei que aqui é meu lugar, eu sei que nada é feito para mim. Mas então o que é essa coisa magnífica que me faz correr sem parar? Como se chama essa energia vital que não me deixa desistir? Me respondam! Eu preciso saber, porque eu preciso de uma dose maior, só hoje, eu prometo. Dê-me o pó mágico, porque eu não quero crescer. Mãe! Eu cansei de lhe dizer que sou uma criança e não sei ser outra coisa. Agora me tire desse poço imundo porque eu decidi ver o céu ficar mais azul.

Wednesday, December 27, 2006

Não há

Hoje eu não quero comer. Só quero um líquido bem gelado, talvez um suco, talvez um refrigerante ou até mesmo uma água com gelo e limão; pra que eu possa refrescar todo esse calor aqui dentro. Porque o verão está insuportável e hoje você vai embora e eu vou ficar aqui, e tudo isso junto não me dá apetite. E eu sei que a guerra vai estourar e também sei que não vou assinar nenhum tratado de paz, por isso eu acho melhor que essa semana passe rápido, pra que sua ausência já seja um fato consumado, não mais possível de se evitar.
E há fumaça por todos os cantos. E eu não posso sair daqui. Me chingam pelo fedor da fumaça, mas não querem que eu vá embora. Me seguram aqui pra que eu não apodreça e terminam por assinar meu atestado de óbito. Não há mais nada pra fazer. Vida medíocre. Fui criada pra apodrecer numa cidade onde não há como ser legal, porque você consegue drogas em qualquer esquina e porque não há gente legal; lhe colocam nessa cidade e lhe mandam crescer e perder essa cabeça de cinco anos, é, de cinco anos, você tem dezesseis, mas a sua cabeça ainda é de cinco; e eu estou ficando meio louca com tudo isso e ainda me dizem que eu não tenho cabeça para sair daqui (???).
A última luz foi apagada. Nenhuma música toca em nenhum aparelho de som. Todas as televisoes estão queimadas porque ontem teve tempôral. Há poeira em todo pé que caminha descalço e sem medo de pisar em pedras pontudas.

Sunday, December 24, 2006

Então, bom natal!

É hoje. A ceia de Natal. O dia em que os lojistas fazem os cálculos da porcentagem no aumento das vendas nesse ano. Esse ano eu não me comportei. Fiz tudo que papai-noel não gosta e mesmo assim vou ganhar um violão. E é por isso que eu ainda gosto do bom velinho capitalista. Se você tem dinheiro no bolso você tem um presente na mão, não importa se você bebeu, rolou no meio da rua, caiu em lagos de madrugada, brigou com o irmão, bateu na filha do vizinho; o presente vai estar em baixo da linda árvore enfeitada de vermelho e dourado.
Mas saindo dessa histórinha idiota, lembrei-me de um dia no parque. Estavamos nós, domingo, sol, te-re-rê, deitados, grama fresca, erva e de súbito me vem uma música mais ou menos assim: "Então é natal, e o quê você fez? O ano termina e nasce outra vez". Até que chega em uma parte em que é cantado: "Hiroshima, Nagazaki,....." Haviam quatro pessoas se olhando, foi um momento beirando a magia e nenhuma das pessoas sabia a misteriosa última palavra da música. E eis que hoje, eu, pobre criança tomada de espírito natalino, resolvo desvendar esse misterioso enigma da música de natal e descubro que a palavra é.. Hun, a palavra? Puts, esqueci.

Friday, December 22, 2006

Vomitando

Fiquei tão triste quando me lembrei que havia perdido o caderno onde escrevo os meus textos, mas tão triste, que senti mais vontade de escrever. Vai ver é porque eu andava muito feliz, muito bêbada, muito drogada e pouco real. Me faltava melâncolia, o ingrediente final para que eu consiga vomitar algumas palavras. E hoje elas vieram, rápidas, fasceiras. E eu decidi acreditar de uma vez por todas que há males que vem para o bem.
Quarta-feira estava tão bonito, e tão brilhante e havia tanta magia no ár que minha mãe percebeu que havia algo de errado em meus olhos. "Mas mãe! Meu olho muda à cada dia!"
Então eu resolvi ficar em casa na quinta-feira, pra ver se des-relaxava, se me acalmava e se concertava um pouco de tudo que está fora do lugar. Não adiantou. Mas é melhor assim, as festas natalinas estão aí, e minha mãe não merece um presente como o que ela recebeu no Natal de 2004. Não! Eu ainda entendo, eu ainda respeito, só por mais um ano, eu contínuo nesse casulo até poder virar borboleta, ou ainda morro lagarta. Quem sabe?
Mas hoje já é sexta-feira. E na sexta todos que tem namorado namoram. Então eu decido que ao invés de pensar no ontem eu deveria sair pra tomar um cerveja e ver se ainda há estrelas no céu. Volto cedo. Cedo demais para mim, cedo demais para uma sexta-feira, cedo demais para quem está de férias e tem dezesseis. Mesmo assim voltei.
De carro com minha mãe eu percebi a enorme diferença entre voltar pra casa "bem" e voltar pra casa "mau". Notei também que em todo esse tempo ela já deve ter percebido zilhões de vezes que eu não estava nessa dimensão, mas por quê ela não fala? Vai ver é porque quando ela pergunta eu nunca falo a verdade. Vai ver ela já cansou da mesma cena. Vai ver eu mesma cansei de dar as mesmas desculpas. Algum dia eu conto a verdade logo, assim, crua, servida para todos decidirem se prefiriam que eu continuasse mentindo ou não. Aí veremos.
Mas amanhã! Amanhã é sábado, e quando não há noitada na sexta o sábado é destruidor. É maléfico. É perverso. E amanhã não será diferente. Colocaremos nossos melhores trajes, dançaremos a noite toda e beberemos tudo o que eu não bebi ontem.
E talvez eu chore, porque perdi meus textos, ou por qualquer besteira que me venha na cabeça.

Thursday, December 21, 2006

Parque de diversões (não o comum)

O jeito leve com que você fala. O jeito com que lhe dou um beijo para simplesmente dizer “até breve, baby”. Falamos em uma língua particular, criada só para nós. Ninguém pode entender a mágica que significa estarmos juntos. E é tão quente aqui, e é tão fresco lá. Talvez sua alma saiba mais sobre mim do que meu próprio ser. Como num conto onde duendes, elfos e fadas se conhecem a mais de mil anos.
Há um pouco de energia diferente quando eu caminho sabendo que na próxima rua esbarrarei com você. É como se minhas pernas não precisassem dos impulsos transmitidos pelo cérebro para se locomover. O instinto me leva até lá. Todo o dia. No mesmo horário. Para falarmos durante horas sobre coisas que mudarão a historia (mas ainda ninguém disso sabe).
As horas passam rápido, o dia é curto, mas temos todo o tempo do mundo, para fazer todas as coisas do mundo sem pressa para terminar. A cidade é pequena, e já não me importo mais se meu vizinho me viu chorando na rodoviária ou se minha mãe conseguiu perceber meu olho vermelho. Eu só tenho mais um ano para descobrir as ruas que estão escondidas e não sei se terei tempo. Dezesseis anos! Quantos deles eu consegui não jogar fora? Quantos deles eu nem me recordo que vivi? Com quantos anos eu descobri que papai-noel não existe? Como eu me senti ao descobrir que os dias mais divertidos que tive não poderiam ser relatados aos meus pais?
Eu já não enxergo lâmpadas, são apenas estrelas com um nível de luz muito alto, parecendo cada vez mais perto, mais presentes, mais reais. Há uma mancha de maldade nas pessoas que andam pelo parque de cara fechada, há ódio nas que saem nervosas. Nunca saia do parque menos feliz do que quando você entrou, esse é o maior sinal de que você perdeu a festa. Ou a melhor parte dela. Ou não é sinal nenhum.
Cada dia eu acordo mais cedo, cada dia parece que eu dormi mais, cada dia eu me olho no espelho e estou um pouco diferente do dia anterior. Nem mais bonita, nem mais feia. Nem mais velha, nem mais nova. Apenas diferente. Meu olho muda toda a manhã e eu sei que você gosta quando ele brilha bastante. Talvez seja porque isso lhe lembre das estrelas que caem quando estamos no parque. Talvez porque seja unicamente bonito, ou até mágico.
Há tesouros escondidos em cada pedaço de grama, há duendes que espiam sem que ninguém note, há magia! Mas só os que escutam o que não é dito podem perceber.
Sem atualizar pois perdi o caderno onde constava praticamente todos os meus textos.
Procurei por tudo e não acho.
Quando pintar idéias eu escrevo mais.
Abraços.