Thursday, December 21, 2006

Parque de diversões (não o comum)

O jeito leve com que você fala. O jeito com que lhe dou um beijo para simplesmente dizer “até breve, baby”. Falamos em uma língua particular, criada só para nós. Ninguém pode entender a mágica que significa estarmos juntos. E é tão quente aqui, e é tão fresco lá. Talvez sua alma saiba mais sobre mim do que meu próprio ser. Como num conto onde duendes, elfos e fadas se conhecem a mais de mil anos.
Há um pouco de energia diferente quando eu caminho sabendo que na próxima rua esbarrarei com você. É como se minhas pernas não precisassem dos impulsos transmitidos pelo cérebro para se locomover. O instinto me leva até lá. Todo o dia. No mesmo horário. Para falarmos durante horas sobre coisas que mudarão a historia (mas ainda ninguém disso sabe).
As horas passam rápido, o dia é curto, mas temos todo o tempo do mundo, para fazer todas as coisas do mundo sem pressa para terminar. A cidade é pequena, e já não me importo mais se meu vizinho me viu chorando na rodoviária ou se minha mãe conseguiu perceber meu olho vermelho. Eu só tenho mais um ano para descobrir as ruas que estão escondidas e não sei se terei tempo. Dezesseis anos! Quantos deles eu consegui não jogar fora? Quantos deles eu nem me recordo que vivi? Com quantos anos eu descobri que papai-noel não existe? Como eu me senti ao descobrir que os dias mais divertidos que tive não poderiam ser relatados aos meus pais?
Eu já não enxergo lâmpadas, são apenas estrelas com um nível de luz muito alto, parecendo cada vez mais perto, mais presentes, mais reais. Há uma mancha de maldade nas pessoas que andam pelo parque de cara fechada, há ódio nas que saem nervosas. Nunca saia do parque menos feliz do que quando você entrou, esse é o maior sinal de que você perdeu a festa. Ou a melhor parte dela. Ou não é sinal nenhum.
Cada dia eu acordo mais cedo, cada dia parece que eu dormi mais, cada dia eu me olho no espelho e estou um pouco diferente do dia anterior. Nem mais bonita, nem mais feia. Nem mais velha, nem mais nova. Apenas diferente. Meu olho muda toda a manhã e eu sei que você gosta quando ele brilha bastante. Talvez seja porque isso lhe lembre das estrelas que caem quando estamos no parque. Talvez porque seja unicamente bonito, ou até mágico.
Há tesouros escondidos em cada pedaço de grama, há duendes que espiam sem que ninguém note, há magia! Mas só os que escutam o que não é dito podem perceber.

2 comments:

Anonymous said...

que lindo que lindo! também quero!

isma
www.efeitoparadoxal.blogger.com.br

Anonymous said...

essa é a minha menina... bombando nos textinhos!!
mto lindo!!!
esse é o nosso parque... hehe
bju garota!