Wednesday, April 04, 2007

O nunca sempre acaba

Primeiro a gente grita, pula e acha que mandamos em todos. Daí a gente briga com os amigos da escola antiga e é aí que as coisas começam a piorar. É um tombo atrás do outro, mal nos recuperamos e já caímos novamente. Nem dá tempo de assimilar a dor. A gente deixa nossos pais quase loucos e achamos sempre que temos razão e que nunca iremos mudar. A gente corre deles tão rápido que se esquece de planejar o caminho. A gente não tem um caminho.
Depois a gente se desespera porque vê que não sobrou nada. Que os castigos acabaram, mas não temos ninguém com quem sair. E daí vem a dor. E a gente esconde ela bem lá no fundo, pra que ninguém tenha pena de nós. A gente nunca quis ser fraco e sozinho. E dói mais por saber que era a única coisa boa a ser feito. E então nós mudamos. Porque toda grande revolução precisa de uma grande crise para ocorrer. Daí a gente fica feliz e nem vê mais que já foi outra coisa. Imploramos por um pouco de atenção e carinho. E nos revoltamos porque achamos que podemos mudar o mundo. E quando a gente descobre que não dá a gente chora. E dói mais ainda.
Só então percebemos que deixamos de estudar para sair e que agora deixamos de sair para estudar. Nunca conseguimos conciliar as duas coisas e vivemos frustrados porque precisamos de respostas e mal sabemos qual é a pergunta. Corremos contra o tempo, contra o vento, contra todos que dizem que não é necessário, que não é possível, que não é para nós. Porque apesar de tudo a gente ainda tem um pouco daquilo que nos move, um pouco daquela esperança, não mais de mudar o mundo, mas a nós mesmos. E é aí que descobrimos que não precisamos provar a mais ninguém que somos bons, desde que consigamos provar a nós mesmos.

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