Tuesday, February 13, 2007

Depois das seis


É calor, é noite, há festas, e eu fico na frente do computador, procurando algum rosto amigável no bate-papo. Desde pequena há uma certa barreira em mim, uma barreira que me faz fugir de tudo que possa me magoar. Eu prefiro evitar sofrimentos ao meu coração, evitar cansar minha mente e procurar não estragar uma vidinha que está tão calma e tranqüila. Uma vidinha, literalmente. Então eu fico aqui, na certeza de que todos aproveitarão por mim, na certeza de que o amanhã virá, e já terá a resposta para a pergunta que me aflige. Eu quero que ninguém pense, que ninguém saiba, que ninguém sinta. Você será de alguém ou de ninguém, não meu, eu sei, mas eu ao menos saberei. Eu espero.
Volta e meia consulto o relógio e decifro o lugar onde todos estão. Saíram do bar, devem estar lanchando, já chegou a hora de beber todas. Eu sempre vou junto, mas hoje, eu sou um caso a parte. Eu prefiro assim, no meu canto, sem fiasco, sem choro, sem atrapalhar a (in) felicidade de ninguém. Eu dramatizo muito e talvez devesse fazer teatro. Sabe, é difícil esconder tão fundo quando quer explodir.
O cão late alto e eu penso que é um aviso. Há alguém em seus braços? Quem te cobre de abraços vem de longe. Eu sou aprendiz de mochileiros. Aprendo o que querem me ensinar, sou uma ótima escolha pros que gostam de contar tudo, de falar tudo, de mostrar tudo. Eu sei, eu gosto. Eu gosto dos meus amigos que não se importam com nada, acho que me sinto meio assim na companhia deles, talvez eu fique por uns quinze minutos sem prestar atenção nos que me acham estranho.
Olho para o relógio, já deve ser fim da noite, mas lembro que você pode ter ido pra casa de alguém que não te ama, entrado no quarto de quem te despreza, dormido na cama de quem ti blasfema e jurado amor a quem te apunhala. Não dá mais pra sair de casa, o sol já quase nasce. Melhor parar de escrever, deitar, dormir e esperar o amanhã. Para então saber. O que acontece com todos vocês que estão tão pálidos?

1 comment:

Unknown said...

o amanhã é sempre pior do que hoje